sábado, 24 de julho de 2010

quase lá

Então é isso: em 1 semana estou indo para os EUA fazer uma espécie de treinamento (como todo bom recruta) antes de ir para a África para trabalho voluntário.

E nesse quase 1 mês e meio desde que ficou realmente certa minha viagem, eu me tornei um poço de dúvidas ambulante....dúvidas sobre se deixar tudo e todos para trás era a coisa certa a fazer por melhor que fosse minha intenção...bom, foram inúmeras dúvidas e algumas já estão resolvidas, outras.....bom, eu ainda estou trabalhando nelas.

Mas acho que a principal mesmo é "por que diabos eu estou indo para África??!?!"

Sim...é isso mesmo, vou passar quase 1 ano e meio longe de tudo o que conheço e ainda não sei o motivo. E quando eu digo o motivo, eu quero dizer "O" motivo real meeesmo. Algo como "o que eu espero realizar com isso?"

Claro que eu poderia dizer que é para ajudar quem precisa, mas eu posso fazer isso por aqui, não preciso ir para a África. O motivo poderia ser apenas precisar ir embora, mas então eu poderia ir para qualquer outro lugar, não precisava escolher ir para um lugar onde tomarei banho gelado de copinho e terei que ferver minha água sempre que for tomá-la.

Eu poderia dizer que são os dois na realidade. Ir embora e ajudar quem precisa ao mesmo tempo, mas isso seria muito fácil....não, eu preciso mais que isso para me convencer de que o que estou fazendo tem alguma razão. E acho que só no final de tudo é que terei essa resposta, até lá....

No entanto, se tivesse que dar uma resposta exatamente agora sobre porque estou indo fazer trabalho voluntário na África....bom, quando tomei essa decisão as palavras do professor John Keating em "Sociedade dos Poetas Mortos" estavam ecoando em minha cabeça há um tempo: "não espere demais para realizar tudo o que se é capaz...torne sua vida extraordinária"

Hahahaha, é...talvez toda essa palhaçada se resuma a algumas frases de um filme antigo.

Acho que se eu for pensar bem, eu nunca realizei nada de muito significativo. Tá eu sou jovem, mas Bob Dylan com 22 anos já estava escrevendo músicas de protestos pelos direitos civis dos negros e músicas contra a guerra. Então mesmo se o cara tivesse terminado a carreira dele 2 anos depois....po, ele já poderia no mínimo olhar para trás e ver que contribuiu com algo. Quantos de nós com 20 e poucos anos podem dizer o mesmo?

É que além de tudo, pra ser sincero eu não me vejo seguindo o caminho que todos querem fazer: carreira em uma grande empresa, ter conforto e possuir um bom carro. É que isso realmente não faz sentindo pra mim...me matar de trabalhar por dinheiro, se eu tiver que ser comprometido até o pescoço com algo..que ao menos tenha algum significado. E isso não faz de mim de maneira alguma especial ou melhor. Muitos jovens já atravessaram o oceano com grande ideais, não sou o primeiro nem serei o último. Mas talvez algum dia eu crie juízo e obedeça minha mãe quando ela diz que devo ganhar dinheiro para cuidar dela. Enfim...

Talvez o que mais resuma o que quero de verdade sejam um trecho de "A Felicidade Conjugal" de Tolstoi que aparece no filme "Na Natureza Selvagem":

"Já vivi muita coisa e agora penso que encontrei o que é necessário para a felicidade. Uma vida tranquila e isolada no campo, com a possibilidade de ser útil à gente para quem é fácil fazer o bem e que não está acostumada que o façam; trabalhar em algo que se espera tenha alguma utilidade; depois descanso, natureza, livros, música, amor pelo próximo- essa é a minha idéia de felicidade. E acima de tudo,você como companheira, e filhos talvez - o que mais pode o coração de um homem desejar?

Isso deve resumir tudo o que eu acredito que vale a pena no fim das contas: encontrar alguém para você dar o seu amor e fazer o bem ao próximo.

Sim, acho que Tolstoi tinha razão ao dizer que a única felicidade certa na vida é viver para os outros...

E semana que vem tem despedida!