segunda-feira, 13 de setembro de 2010

festivais

Nesse final de semana participei de dois festivais: o primeiro foi na minha quase segunda casa, Chicago. Um evento onde eu trabalhei para uma organização meio que filiada ao IICD, é o Gaia Movement, que trabalha bastante com a questão ambiental.

O segundo festival foi em um colégio em Cassopolis, uma cidadezinha aqui em Michigan. O evento se chamava "Festival Internacional das Minorias", alguma coisa assim ahaha, enfim..e nesse festival eu tive que dançar salsa....acredite se quiser, mas eu mando bem, brother. Mais algumas aulas dessa parada e eu domino a arte (hahaha).

Bom, eu não vou entrar em detalhes sobre o que rolou nesses festivais, vou só dizer sobre os fatos que foram mais significantes para mim.

Primeiro que ninguém acredita que eu sou brasileiro. Desde que eu cheguei aqui já foram 4 meninas que disseram que eu era italiano. Eu gosto de dizer a mim mesmo que elas pensam isso porque toda vez que eu me apresento, eu digo logo que meu nome é Vini. Toda vez que eu tentei explicar que era Vinicius, a galera se enrolava e soltava um Vinitchioous, então com o Vini eu poupo tempo.

Só que acontece é que Vinny é apelido de Vincent nos EUA e em pelo menos 90% dos filmes sobre mafiosos italianos tinha algum Vinny na história, então chega eu....com esse meu nariz árabe-judeu-italiano...digo que meu nome é Vinny....meu inglês já está sem sotaque....pronto, virei italiano.

Sim meu, quase ninguém mais percebe meu sotaque estrangeiro. Nem eu acreditei quando conversei 2h com um americano no festival em Chicago e contei que tinha me formado no Brasil. Ele vem e me pergunta o que eu estava fazendo no Brasil hahaha. Po...ganhei meu dia, brother, foram 2h conversando meu....e ele em nenhum momento perceber que eu era estrangeiro?

A voluntária nova que é da Alemanha também já me perguntou se eu tinha morado nos EUA antes, mas como ela é gringa também, eu não levei muito em consideração.

Outra coisa muito legal que aconteceu também, dessa vez no segundo festival, foram os dois caras que eu mais conversei: Larry, o pintor de quadros de jazz e Greg, o vendedor de hot-dog. Hahahaha, é sério.

Com o Larry eu troquei uma idéia de gente grande. Tudo começou comigo sentado sozinho lá no banquinho, tomando o sol....ainda me perguntando porque diabos eu ia ter que dançar salsa na frente de uma galera, quando ele chegou perguntando se eu era estrangeiro também (estávamos todos usando uma camiseta escrito “Voluntário Internacional”....enfim...), aí ele sentou e começamos a conversar sobre os quadros dele e eu falei que era fã de blues, então ele começou a me testar ahahah “ahh, aposto que você só conhece B.B. King”...pronto...eu nem gosto tanto assim de B.B. King, então comecei a soltar uns nomes de calibre do blues “Ah, acho que eu sou mais fã de Mississippi Fred McDowell, Howlin´Wolf, John Lee Hooker, Robert Johnson...e ahh, por falar em Robert Johnson, você conhece a lenda sobre ele ter vendido a alma ao diabo, né?”

Hahahaha, o negão ficou branco meu. “Cala boca que você, um brasileiro branquelo...menino de cidade grande conhece a história do Robert Johnson”. Eu só comecei a rir e disse que a gente tinha internet no Brasil também. Mas o cara insistia em me testar, aí ele quis lançar uma pergunta profunda, me perguntou porque eu gostava de blues. Eu disse que não sabia porquê. Eu tentei meio que dar uma resposta fácil, dizendo que eu amava o rock e o rock começou com o blues e tal....mas o cara não aceitou isso, ele disse que tem que ter uma razão para eu gostar do blues. Então eu parei um pouco pensei e só disse “Bom...eu acho que gosto da tristeza da música blues.”

Então ele olhou para mim com aquele olhar orgulhoso que um mestre do karatê manda para o jovem pupilo e soltou aquele “Yeah man...”. Eu passei no teste hahaha, mas fiz questão de salientar para ele que não conseguia tocar nada de blues, eu simplesmente disse que aqueles caras são muito bons. Ele tentou dizer que é difícil para os brancos serem bons no blues porque como eu muito bem falei, o blues é sobre tristeza. O blues começou com os escravos no sul dos Estados Unidos e era essa a forma deles colocarem para fora toda sua angústia e tal. E é exatamente isso que eu gosto no blues, aquele gaita melancólica...a guitarra de notas tristes...a voz de alguém que parece que está segurando o choro....então o argumento do Larry era que eu...um branquelo, menino de cidade grande que só conhecia tristeza quando tomava um fora da namorada, nunca ia conseguir fazer um blues. E eu simplesmente concordei, ia ser preciso muito mais pancada na vida.

Estranho como certas coisas acontecem em nossas vidas, tudo começou com um “hoje está bem quente” e terminou numa reflexão sobre a vida e suas dificuldades. Ainda mais estranho se for pensar nesse diálogo sendo travado entre um pintor negão dos EUA com 58 anos, que tem dois filhos que ele já não conversa há alguns anos e um brasileiro branquelo menino de cidade grande de 24 anos que viajou para ser um voluntário. Quem diria...

O outro brother foi o Greg (mais um negão ahhaa). Nossas conversas foram mais lights, algo sobre a sensualidade daquelas meninas fazendo a dança do ventre e a porcaria do meu violão que não ficava afinado. Mas a gente se deu tão bem também, que eu tentei duas vezes comprar um hot-dog dele e ele simplesmente gritou para as mulheres cozinhando “Yooo, serve meu amigo brasileiro aqui!!” . Hahahaha, quando eu falei que o próximo hot-dog eu ia jogar o dinheiro no trailer, ele simplesmente disse para eu guardar o dinheiro e gastar com ele quando ele fosse visitar as praias no Brasil hahaha. Gente fina o cara.

E é isso meu...tem umas fotos novas ali do lado. Lá em Chicago eu nem quis muito ficar falando sobre o meio-ambiente, ocupei meu tempo pintando o rosto das criancinhas do bairro pobre dali hahah. E dancei salsa, não tenho as fotos ainda, mas vou colocar dois videos.

O primeiro é do nosso primeiro ensaio (não se engane pela minha falta de molejo nesse video...estou para dominar a arte) e o segundo é do coreano John Lennon...é...eu simplesmente não guardo o nome dos asiáticos aqui, então eu dou qualquer nome para eles....e pior que pega viu (todo mundo só chama os coreanos daqui de José Alberto e John Lennon agora...), voltando ahaha, o segundo video é do John tentando memorizar os passos da salsa...e ficando desesperado ahahaha

Um abraço.





2 comentários:

Kmomila disse...

HAHAHAHAHA
Quero só ver as fotos de vc bailando no festival. Deve ser bem cômico (Y)
Mais o melhor desse post, tenho que concordar contigo, é o John Lennon...hahahaha...aparenta fazer uma prova puuuuuta difícil. Que bonitinho^^
Bjoks mala

Isa disse...

Demorou, mas sempre volto aqui.
E ver um coreano dançando salsa com os dedos, me faz lembrar o pq eu sempre volto. hahaha (imaginei um coreano abraçado com dois dedos gigantes animados.. ta parei hahaha)
(:

De verdade?Obrigada por isso aqui haha.. eu não to nem perto de ir pra Africa, mas ler certas coisas, da um animo pra tentar ir alem...

Fica bem aí, como sei que está.. não tome muito sol e coma mais bacon pq acho que voce emagreceu mais!
beijao bini.. éé..gosto um bom tanto.